Brisa

três

15 de Julho ~ Realidade

 


~ Uma newsletter. Uma curadoria. Um mergulho. Um delírio.
Um pranayama. Uma leitura para um domingo menos óbvio. ~

 

Para quem teve as últimas semanas dedicadas ao universo paralelo onde habitam as catarses futebolísticas (e também para ainda quem não entendeu que era Copa e o que é a Copa), que infelizmente resultaram na frustração do “cair na realidade”, seja lá o que “realidade” signifique, a Brisa desse mês traz algumas inspirações para reascender a esperança de dias melhores, seja entendendo o mundo pela astrologia, ou desconstruindo verdades com o stand-up comedy mais sensacional de todos os tempos; ou questionando a criatividade, o hype e o real papel das marcas, através do finíssimo sarcasmo inglês. Mas por aqui há um final feliz, mesmo que rumo a outra galáxia, ao som de Devendra Banhart – este, sempre sensacional.

Dive deep.

 

~ Para ler ouvindo:


 

~ O HYPE DOS ASTROS

Peoplestrology ~ Reprodução Facebook

 

Se o hype da astrologia chegou ao estágio máximo de saturação, pouco importa. O resgate do que alguns chamam de ciência, outros de arte, ou de visão de mundo, que nos convida a olhar para o céu para olhar para dentro, foi memificado, capilarizado e agora é um palco para pop-stars e seus milhares de seguidores.

 

Para entender melhor toda essa febre, o projeto Peoplestrology (do psicanalista Lucas Liedke e do publicitário André Alves) lançou no último mês seu primeiro relatório de pesquisa, chamado “Why are people so obsessed with Astrology?” (Por que as pessoas estão tão obcecadas com a astrologia?), listando uma série de tendências que mapeiam essa Nova Era e alguns fatos sobre o nosso atual relacionamento com o Zodíaco.

ºº Leia (ENG)

ºº Siga: @peoplestrology


 

~ HANNAH GADSBY CONTRA O PATRIARCADO

 

Esqueça tudo o que você sabe ou o que lhe foi apresentado sobre stand-up comedy. Esqueça as pausas premeditadas à espera de aplausos, esqueça o humor vazio e autodepreciativo. Esqueça as atuações exageradas que arrancam risadas da plateia no grito. Esqueça.

 

“Nanette” é o show da comediante australiana Hannah Gadsby, que ficou mais conhecida por aqui por participar da série “Please Like Me”. Mas em seu espetáculo, gravado especialmente para o Netflix no Sydney Opera House, Hannah conta sua verdadeira história, de “mulher lésbica, gorda e feia”, invertendo papéis, questionando, protestando e desprezando a sociedade patriarcal, com um humor afiadíssimo e um desabafo sincero e emocionante – um tapa na cara.

 

 

~ GEORGIO PEVIANI @ PFWSS18

 

Depois de ter se tornado famoso por ser o “dono” de um restaurante fictício, mas que chegou a ser avaliado como número um de Londres no TripAdvisor, o repórter da Vice Oobah Butler foi à Paris Fashion Week como o estilista de uma peça só – uma calça jeans vermelha -, chamado Georgio Peviani, que na verdade não passa de uma marca de roupas encontrada ao acaso de uma feira de rua em Brixton.

 

O resultado não poderia ser mais irônico e hilário: compradores de Milão queriam o jeans em suas lojas, importantes nomes da moda queriam Georgio em seus showrooms e, claro, festas com VIPs da moda mundial. Um deboche à inglesa, que questiona o real valor e papel das marcas e uma inversão de papeis no epicentro da sociedade do espetáculo.

 


 

~  DEVENDRA, O ARQUEÓLOGO CELESTIAL

 

Devendra Banhart foi curador de uma série de workshops intitulados “Imaginary Universes” (Universos Imaginários), que foram abertos na Accademia dei Bambini da Fondazione Prada em Milão, em maio deste ano.

 

Além disso, Devendra foi o responsável pelas oficinas para crianças de quatro a dez anos, do dia da inauguração, com o título”The Astonishing Adventures of a Celestial Archaeologist” (As Surpreendentes Aventuras de um Arqueólogo Celestial), que incluiu uma apresentação da animação intergalática de Matteo Toffalori, ao som da música “Celebration”, de seu último e excelente álbum “Ape in Pink Marble” (2016).

 

Farewell, Devendra.

 


 

~ ASPAS

Pensaram que eu era surrealista, mas nunca fui. Nunca pintei sonhos, só pintei a minha própria realidade. (Frida Kahlo)

Frida Kahlo ~ O Veado Ferido ~ 1946

 

 

ºº Imagem de abertura: Serrah Galos ~ Unsplash